Neste romance o escritor descreve com energia que todas as misérias com as quais são confrontados todos os indivíduos modernos, é o desvio sexual.
Philip Roth, parece dar uma missão precisa: demonstrar o mal dos tabus da sociedade contemporânea.
Inscreve-se na tradição dos romances libertinos, e se surpreende muitas vezes no desvio de uma frase, de uma página a relembrar da ironia de um Voltaire (defensor da reforma social contra as punições da igreja, iluminismo) ou a negrura de um Marquês de Sade (pioneiro da revolução sexual).
David Kepesh, o narrador, crítico cultural de televisão e professor, satisfaz a sua libido de sexagenário com os seus estudantes.
Desde a revolução cultural dos anos 60, quando deixou a mulher e o filho, Kepesh experimentou viver aquilo a que chama uma “virilidade emancipada”, fora do alcance da família ou de uma parceira. Ao longo dos anos refinou essa exuberante década de protesto e licenciosidade com uma vida ordenada em que é simultaneamente livre no mundo de Eros e estudiosamente dedicado na sua actividade estética.
Até que encontra a jovem e voluptuosa Consuela, de vinte e quatro anos de idade, rica herdeira cubana, que deixar-se-á encantar e oferecerá os seus encantos ao velho sátiro, experimentando os desejos da dependência sexual e que lança imediatamente a vida do professor num tumulto erótico.
Brevemente a Morte convida-se ao coração de esta ligação transgressiva, parecendo hesitar sobre a sua próxima presa, a juventude voluptuosa da estudante ou o sexagenário libidinoso do professor. Este romance abre digressões sobre o desejo, a cobiça, a discrepância dos corpos, a libertação sexual, a vertigem dos sentidos, e as ilusões do jogo amoroso. Esta história é construída sob a forma de um monólogo íntimo, confissões patéticas de uma virtuosidade atormentada por uma questão existencial.
“ O animal que morre “ através do narrador, que nos faz explorar os meandros do desejo, que é tanto o sinónimo do desespero como do prazer, ataca-se às certezas, às ilusões de nossos contemporâneos, este romance revela-se, às vezes, tanto como uma análise pertinente da nossa época como uma meditação, em que muitas vezes define a condição humana.
Aqui fica um excerto da página 38:
Há que fazer uma distinção entre morrer e a morte. Nem tudo é morrer ininterruptamente. Se somos saudáveis e nos sentimos bem, vamos morrendo invisivelmente. O fim, que é uma certeza, não tem de ser arrojadamente anunciado. Não, não podemos compreender. A única coisa que compreendemos acerca dos velhos quando não somos velhos é que foram marcados pelo seu tempo. Mas compreender isso imobiliza-os no seu tempo, o que equivale a não compreender nada. Para aqueles que não são ainda velhos significa que já fomos.