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quinta-feira, 18 de novembro de 2010

VISUALIZAÇÃO DO DOCUMENTÁRIO "LISBOETAS"

No dia 12 de Novembro, no módulo de CLC_6 Urbanismo e Mobilidade, assistimos a um video considerado o melhor filme português no Indielisboa 2004, realizado por Sérgio Tréfaut.

Lisboetas é um  documentário político sobre a vaga de imigração  que nos últimos anos mudou Portugal.

Nele são retradas as dificuldades que os imigrantes encontram ao chegar ao nosso país, ao nível burocrático, no mercado de trabalho,  dos seus direitos, da lingua e da cultura.

Lisboetas não é um filme dogmático, mas é um filme incómodo e que deixa muitas questões em aberto, porque é dificil avaliar o quanto tudo mudou e ainda pode mudar.

Aqui fica o convite para assistirem ao video.

LEITURA DA SEMANA

Esta semana aconselhamos a leitura do livro de Luis Sepúlveda:

"HISTÓRIA DE UMA GAIVOTA E DO GATO QUE A ENSINOU A VOAR"



Esta história começa com um bando de gaivotas que iam a planar sobre o oceano, com seis horas de voo sem interrupções, e a gaivota de vigia anunciou “Banco de Arenques a bombordo”, nada melhor para recuperar forças.

Seguindo as instruções da gaivota piloto, o bando tomou uma corrente de ar frio e lançou-se em voo picando sobre o cardume de arenques, perfuravam a água como setas e, ao regressar à superfície, cada gaivota segurava um arenque no bico, saborosos e gordos, era mesmo o que precisavam para recuperar energias antes de continuar o voo.

Kengah, uma gaivota de penas cor de prata, mergulhou a cabeça para agarrar o quarto arenque e, por isso, não ouviu o grasnido de alarme que estremeceu o ar a anunciar perigo a estibordo, descolagem de emergência. Quando tirou a cabeça da água viu-se sozinha na imensidade do oceano, estendeu as asas para levantar voo, mas a espessa onda foi mais rápida e cobriu-a inteiramente. A mancha viscosa de petróleo colava-lhe as asas ao corpo, e, por isso, começou a mexer as patas na esperança de nadar rapidamente e sair do centro da maré negra, por fim chegou ao limite da mancha de petróleo e ao fresco contacto com a água limpa. A gaivota fez várias tentativas para sobreviver e, à quinta tentativa, conseguiu levantar voo. Kengah compreendeu que as forças não lhe iam durar muito e procurou um lugar para descer. As asas negaram-se a continuar o voo, e a gaivota caiu em grande velocidade na varanda do gato grande, preto e gordo o ”Zorbas”, que estava sozinho em casa, pois o seu dono tinha ido passar férias deixando um amigo a tomar conta do seu gato. Zorbas aproximou-se da gaivota e esta tentou pôr-se de pé, arrastando as asas, trocaram algumas palavras e a gaivota contou o que se passou, dizendo-lhe que ia morrer.

O gato queria ajudar mas não sabia como, foi então que ele disse que iria pedir ajuda, ele preparava-se para trepar o telhado quando ouviu a gaivota a chamá-lo, ele voltou para trás e ela comunicou-lhe que iria por um ovo com as forças que lhe restavam. Então ela pediu-lhe que lhe fizesse três promessas. O gato, pensando que ela estava a delirar, prometeu-lhe o que ela quisesse. Essas promessas eram não comer o ovo, cuidar dele até à nascença da sua cria e ensiná-la a voar.

O gato prometeu-lhe tudo e disse-lhe para ela descansar, que ia buscar auxilio.

A gaivota olhou para o céu, agradeceu a todos os bons ventos, deu o seu último suspiro e pôs um ovito branco com pintas azuis, que rolou junto ao seu corpo impregnado de petróleo.

O Zorbas foi pedir ajuda aos seus amigos, Secretário, Sabetudo e Colonello, quando os quatro gatos chegaram à varanda, imediatamente compreenderam que chegaram tarde, ao arredarem a gaivota viram o ovo. Então Zorbas ficou surpreendido por ela ter posto o ovo mas, conforme ele tinha prometido, começou a sua promessa puxando o ovo para junto da barriga, para ser aquecido pelos raios solares.

À luz da lua, os quatro gatos cavaram um buraco e enterraram a gaivota.

Sendo Zorbas um gato fiel à sua palavra, ele fez todos os esforços para cumprir as suas promessas. Até a gaivota nascer, ele viu-se na tarefa de chocar o ovo, desta forma, quando a pequena gaivota nasceu, ela chamou-lhe mãe, nesse momento ele pediu ajuda aos seus amigos, que o vão ajudar a cuidar da pequena Ditosa, assim a chamaram, e ajudá-lo nesta difícil tarefa.

Os seus amigos eram Collonelo, um gato de alguma idade pronto a dar um bom conselho, Secretário, o seu ajudante, o Sabetudo, um gato muito inteligente e o Barlavento, um gato marinheiro.

Todos juntos, com boa vontade, tentaram cumprir esta promessa a todo custo, começaram então essa difícil tarefa de dar à gaivota lições de sobrevivência e ensiná-la a voar.

Ditosa integra-se tão bem no grupo, que começa a achar que é um gato e quer ficar com eles, fazendo com que os esforços dos seus amigos fossem em vão.

Os gatos acabaram por pedir ajuda a um humano, Zorbas contou-lhe a história da Ditosa e pediu-lhe ajuda para a pôr a Voar, este concordou em ajudar naquela mesma noite, pois estava uma noite muito propícia para as gaivotas voarem. Ficou combinado reunirem-se à meia-noite, em frente da porta do bazar, então Zorbas foi avisar os amigos.

O homem de gabardine, chegando ao local, agarrou-os aos dois ao colo e colocou-os debaixo da gabardine, levando-os para um edifício alto - a torre de São Miguel.

Subiram as escadas e a gaivota começou a ficar com medo, mas Zorbas encorajava-a. Chegando lá cima, o humano colocou a gaivota nas mãos, e ela disse ao gato que não tinha medo, dando bicadas na mão do humano. Então ela estendeu as suas assas, dizendo palavras de afecto ao gato e sentindo a chuva cair-lhe em cima agradavelmente.

Então Ditosa desapareceu da sua vista, e o gato e o humano temeram o pior, foi então que a viram, batendo asas, sobrevoando o parque de estacionamento e, afastando-se, gritou que estava a voar. Então o gato suspirou de alívio por ter conseguido e compreendeu que o mais importante é atrever-se a voar.

Depois disto, o humano achou por bem deixar o gato um pouco sozinho, e Zorbas permaneceu ali a contemplá-la, sem se saber se as gotas que escorriam dos seus olhos eram da chuva ou lágrimas.